segunda-feira, 30 de junho de 2014

Deus não é uma pessoa, mas uma energia

Deus não é uma pessoa, mas uma energia

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Deus não é uma pessoa, mas uma energia

Posted: 29 Jun 2014 05:28 PM PDT


Deus não é uma pessoa, mas uma energia. Isso implica que a energia não tem consideração por indivíduos; tudo o que acontece com cada indivíduo acontece imparcialmente.

Por exemplo: a árvore na margem de um rio recebe sua nutrição do fluxo que passa; ela dará flores e frutos e crescerá alta e forte.

Mas a árvore que cai na correnteza será levada para longe pela veloz corrente de água.

Ora, o rio nada tem a ver com nenhuma dessas árvores.

Ele não está interessado em alimentar a primeira nem em destruir a segunda.

O rio simplesmente flui, é uma energia fluente, e não uma pessoa.

Osho, em "Desvendando Mistérios: Chacras, Kundalini , os Sete Corpos e Outros Temas Esotéricos"
Imagem por David Taylor

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Liquide com o passado

Liquide com o passado

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Liquide com o passado

Posted: 22 Jun 2014 07:23 PM PDT


Os hábitos obrigam você a fazer certas coisas; você é uma vítima. Os hindus dão a isso o nome de karma. Cada ato que você repete, ou cada pensamento — porque os pensamentos também são ações mentais sutis — fica cada vez mais forte. E então você fica sob o domínio dele. Fica preso ao hábito. Você passa a viver a vida de um prisioneiro, de um escravo. E esse aprisionamento é muito sutil; a prisão é feita de hábitos, de condicionamentos e de ações que você praticou. Tudo isso está em torno do seu corpo e você fica todo emaranhado, mas continua se fazendo de tolo, achando que é você quem está decidindo.

Quando fica zangado, você acha que é você quem decide ficar. Você racionaliza e diz que a situação exigiu esse comportamento: "Eu tive de ficar zangado, senão a criança ficaria malcriada. Se eu não ficasse zangado, as coisas dariam errado, o escritório ficaria um caos. Os empregados não ouviriam; tive de ficar zangado para pôr as coisas em ordem. Para colocar minha mulher em seu devido lugar, tive de ficar zangado." Essas são as racionalizações — é assim que seu ego continua a pensar que você ainda está no comando. Mas você não está.

A raiva é fruto de velhos padrões, do passado. E, quando ela irrompe, você tenta achar uma desculpa para ela. Os psicólogos têm feito experiências e chegaram às mesmas conclusões que a psicologia esotérica oriental: o ser humano é uma vítima, não é senhor de si mesmo.

Os psicólogos deixaram as pessoas em isolamento, com todo conforto possível. Tudo o que lhes fosse necessário era proporcionado, mas elas não tinham contato nenhum com outros seres humanos. Viveram em isolamento numa cela com ar-condicionado — sem ter de trabalhar, sem ter nenhum problema, mas continuaram com os mesmos hábitos. Numa manhã, sem nenhuma razão — porque elas tinham todo conforto, não havia com que se preocuparem, nenhuma desculpa para ficarem zangadas —, um homem descobriu de repente que começava a sentir raiva.

Ela está dentro de você. As vezes, surge uma tristeza sem nenhuma razão aparente. E, às vezes, aflora um sentimento de felicidade, euforia ou êxtase. Um homem destituído de todos os relacionamentos sociais, isolado num ambiente com todo conforto, em que todas as suas necessidades são satisfeitas, passa por todos os estados de ânimo pelos quais você passa num relacionamento. Isso significa que alguma coisa vem de dentro e você a associa a outra pessoa. Isso é só uma racionalização.

Você se sente bem, você se sente mal e esses sentimentos borbulham da sua própria inconsciência, do seu próprio passado. Ninguém é responsável, exceto você. Ninguém pode deixar você zangado ou feliz. Você fica feliz por sua própria conta, fica zangado por sua própria conta e fica triste por sua própria conta. A menos que perceba isso, você continuará para sempre um escravo.

O domínio do seu próprio eu você conquista quando percebe: "Sou absolutamente responsável por tudo o que me acontece. Seja o que for que acontecer, incondicionalmente — sou inteiramente responsável."

A princípio, isso o deixará extremamente triste e deprimido, porque, quando pode jogar a culpa nos outros, você fica tranquilo e certo de que não é você quem está errando. O que você pode fazer se a sua mulher está se comportando dessa forma tão desagradável? Você tem de ficar com raiva. Mas, veja bem, a sua mulher está se comportando dessa forma por causa dos seus próprios mecanismos interiores. Ela não está sendo desagradável com você. Se você não estivesse ali, ela seria desagradável com o filho. Se o filho não estivesse ali, ela seria desagradável com a pia cheia de louça; ela jogaria toda a louça no chão. Quebraria o rádio. Ela teria de fazer alguma coisa; esse sentimento afloraria nela.

Foi pura coincidência o fato de você estar ali, lendo seu jornal, e ela ter sido desagradável com você. Foi pura coincidência o fato de você estar ali, à disposição, no momento errado.

Você está com raiva não porque sua mulher foi desagradável — ela pode ter criado toda a situação, mas isso é tudo. Ela pode ter lhe dado a oportunidade de ficar com raiva, uma desculpa para ficar com raiva, mas a raiva estava borbulhando. Se a sua mulher não estivesse ali, você teria ficado com raiva do mesmo jeito — com outra coisa, com alguma ideia, mas a raiva tinha de aflorar. Ela era algo que vinha do seu próprio inconsciente.

Todo mundo é responsável, totalmente responsável, pelo seu próprio ser e pelo próprio comportamento. No começo, essa constatação fará com que você fique muito deprimido, pois você sempre achou que quisesse ser feliz — então, como você pode ser responsável pela sua infelicidade? Você sempre almejou um estado de bem-aventurança, então como pode decidir ficar com raiva? É por causa disso que você joga a responsabilidade nas costas dos outros.

Se continuar a jogar a responsabilidade nas costas dos outros, lembre-se de que você vai continuar sendo sempre um escravo, pois ninguém pode mudar ninguém. Como é possível mudar outra pessoa? Será que, algum dia, alguém já conseguiu mudar outra pessoa? Um dos desejos mais insatisfeitos deste mundo é mudar o outro. Ninguém conseguiu fazer isso até hoje, é impossível mudar o outro, pois ele é dono da própria vida — você não pode mudá-lo.

Você continua a jogar a responsabilidade nas costas do outro, mas não pode mudá-lo. E como você continua a jogar a responsabilidade nele, você nunca verá que a responsabilidade básica é sua. A mudança básica precisa acontecer dentro de você.

Você cai numa armadilha: se começa a achar que você é responsável por todas as suas atitudes, por todos os seus estados de ânimo, a princípio, você é tomado por um sentimento de depressão. Mas, se conseguir vencer essa depressão, logo você sentirá luz, pois estará livre das outras pessoas. Agora poderá trabalhar em si mesmo. Poderá ser livre, poderá ser feliz. Mesmo que o mundo inteiro esteja infeliz e cativo, isso não vai fazer a mínima diferença. A primeira libertação é parar de pôr a culpa nos outros, a primeira libertação é saber que você é o responsável. Depois disso, muitas coisas passam a ser imediatamente possíveis.

Se continuar a jogar a responsabilidade nos ombros dos outros, não se esqueça de que será para sempre um escravo, pois ninguém pode mudar ninguém. Como é possível mudar outra pessoa? Alguém já conseguiu isso antes?

Independentemente do que esteja acontecendo com você — se estiver triste, simplesmente feche os olhos e observe sua tristeza. Procure saber aonde ela leva, mergulhe fundo dentro dela. Logo você encontrará a causa. Pode ser que você tenha de percorrer um longo percurso, pois toda a sua vida está envolvida nisso; e não só esta vida, mas muitas outras que você já viveu. Você encontrará muitas feridas em si mesmo, que machucam, e por causa dessas feridas você está triste — elas estão tristes; essas feridas não cicatrizaram ainda; ainda estão abertas.

O método de retroceder até a fonte, ir do efeito até a causa, curará essas feridas. Como curá-las? Por que curá-las? Qual é o fenômeno implicado nisso?

Sempre que faz uma retrospectiva, a primeira coisa que você deixa de lado é a mania de pôr a culpa nos outros, pois se faz isso você acaba se voltando para as circunstâncias externas. Nesse caso, todo o processo está errado: você tenta encontrar a causa em outra pessoa: "Por que minha mulher foi tão desagradável?" Aí a vontade de saber "por que" faz com que você continue a investigar o comportamento da sua mulher. Você errou o primeiro passo e todo o processo fracassará.

"Por que estou infeliz? Por que estou com raiva?" — feche os olhos e deixe que isso seja uma meditação profunda. Deite-se no chão, feche os olhos, relaxe o corpo e sinta a razão por que está com raiva. Simplesmente esqueça sua mulher; isso é só uma desculpa — A, B, C, D, seja o que for, esqueça a desculpa. Basta que mergulhe profundamente dentro de si, mergulhe na raiva.

Use a própria raiva como um rio; você flui dentro dessa raiva e ela o leva para dentro de si mesmo. Você descobrirá feridas sutis em seu interior. A sua mulher pareceu desagradável porque ela tocou numa ferida sutil que você tem, algo que ainda dói. Você nunca se achou atraente, nunca achou seu rosto bonito e existe uma ferida aí dentro. Quando sua mulher foi desagradável, ela fez com que você ficasse consciente do seu rosto. Ela diz; — Vá e se olhe no espelho! — isso dói. Você tem sido infiel à sua mulher e, quando quer ser desagradável, ela toca novamente nesse assunto: — Por que você estava rindo com essa mulher? Por que parecia tão feliz sentado ao lado dela? — ela toca uma ferida. Você tem sido infiel, sente-se culpado; a ferida está aberta.

Feche os olhos, sinta a raiva e deixe que ela aflore totalmente de modo que você possa ver como ela é. Então deixe que essa energia o ajude a voltar ao passado, pois a raiva vem do passado. Não pode vir do futuro, é claro. O futuro ainda não passou a existir. Ela também não vem do presente. É nisso que se baseia toda a teoria do karma, ela não pode vir do futuro porque o futuro ainda não existe; não pode vir do presente porque você nem sabe o que ele é. Só as pessoas que despertaram sabem o que é o presente.

Você vive exclusivamente no passado, portanto, essa raiva só pode ter vindo de algum lugar do seu passado. A ferida tem de estar em algum lugar da sua memória. Volte. Pode não haver apenas uma ferida, pode haver várias — pequenas, grandes. Mergulhe fundo e encontre a primeira ferida, a fonte original de toda a raiva. Você conseguirá encontrá-la se tentar, pois ela já está ali. Está ali; todo o seu passado está ali.

É como um filme, rodando e aguardando interiormente. Você faz com que ele rode, começa a assisti-lo. Esse é o processo de retroceder até a causa original. E essa é a beleza de todo o processo. Se você conseguir retroceder conscientemente, se conseguir sentir conscientemente uma ferida, ela imediatamente cicatrizará.

Por que ela cicatriza? Porque a ferida é criada pela inconsciência, pela falta de percepção consciente. A ferida faz parte da ignorância, do sono. Quando você volta ao passado com consciência e olha essa ferida, a consciência se torna uma força de cura. No passado, quando a ferida se abriu, isso aconteceu na inconsciência. Você ficou com raiva, foi possuído pela raiva, e fez alguma coisa. Matou um homem e teve de esconder esse fato do mundo. Você pode escondê-lo da polícia, pode escondê-lo dos tribunais e da justiça, mas como pode escondê-lo de si mesmo? — você sabe, isso dói. E, sempre que alguém lhe der a oportunidade de ficar com raiva, você vai ficar com medo, porque pode acontecer novamente, você pode matar sua mulher. Volte ao passado, pois nesse momento em que você assassinou um homem ou se comportou como um louco homicida, você estava inconsciente. Na inconsciência, essas feridas têm sido conservadas. Agora faça conscientemente uma retrospectiva.

Fazer uma retrospectiva significa voltar conscientemente às coisas que você fez na inconsciência. Volte — só a luz da consciência cura; ela é uma força de cura. Tudo o que você puder fazer conscientemente será terapêutico e não machucará mais.

O homem que volta ao passado se liberta dele. Como o passado deixa de interferir, ele passa a não ter mais poder sobre ele e chega a um ponto final. O passado não tem nenhum espaço no seu ser. E, quando o passado não tem nenhum espaço no seu ser, você fica disponível para o presente; nunca antes disso.

Você precisa de espaço — o passado está tão entranhado dentro de você — é um armário cheio de coisas mortas — que não há espaço para o presente entrar. Esse armário continua sonhando com o futuro, portanto, metade dele está cheia do que não existe mais e a outra metade está cheia com o que não existe ainda. E o presente? — está simplesmente esperando do lado de fora. É por isso que o presente nada mais é do que uma passagem, uma passagem do passado para o futuro, só uma passagem momentânea.

Liquide com o passado — a menos que liquide com ele, você vai viver uma vida-fantasma. Sua vida não é verdadeira, não é existencial. O passado vive por seu intermédio, os mortos continuam assombrando você. Volte ao passado — sempre que tiver uma oportunidade, sempre que alguma coisa acontecer dentro de você. Felicidade, infelicidade, tristeza, raiva, ciúme — feche os olhos e faça uma retrospectiva.

Logo você vai aprender a viajar ao passado. Logo vai conseguir voltar no tempo e, então, muitas feridas irão se abrir. Quando essas feridas se abrirem dentro de você, não comece a fazer nada. Não é preciso fazer nada. Simplesmente observe, olhe, vigie. A ferida está ali — você simplesmente observa, concentra sua energia de atenção na ferida, olha para ela.

Olhe para ela sem fazer nenhum julgamento — pois, se julgar, se disser: "Isso é ruim, não deveria estar aqui", a ferida se fechará novamente. Então ela terá de se esconder. Sempre que você condena, a mente tenta esconder as coisas. É assim que o consciente e o inconsciente são criados. Do contrário, a mente seria uma coisa só; não seria preciso nenhuma divisão. Mas você condena — então a mente tem de dividir e colocar as coisas no escuro, no porão, para que você não possa vê-las e não seja preciso condená-las.

Não condene, não avalie. Seja simplesmente uma testemunha, um observador imparcial. Não negue. Não diga: "Isso não é bom", pois isso é uma negação e você começou a reprimir.

Seja imparcial. Só observe e olhe. Olhe com compaixão e a cura se efetuará.

Não me pergunte por que isso acontece, pois é um fenômeno natural — assim como a água evapora quando chega aos cem graus. Você nunca pergunta: "Por que a água não evapora quando chega aos noventa graus?" Ninguém pode responder a essa pergunta. Simplesmente acontece de a água só evaporar aos cem graus. Não há dúvida disso, e a dúvida é irrelevante. Se ela evaporasse aos noventa graus, você questionaria. Se evaporasse aos oitenta, você ia querer saber por quê. É simplesmente natural que a água evapore aos cem graus.

O mesmo vale para a natureza interior. Quando uma consciência imparcial, compassiva, toca uma ferida, essa ferida some — evapora. Não existe explicação para isso. É simplesmente natural, é como as coisas são, é o que acontece. Quando digo isso, falo por experiência própria. Tente e você constatará o mesmo. É fato.

Osho, em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"
Imagem por Enrique Rey

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Da cabeça ao coração

Da cabeça ao coração

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Da cabeça ao coração

Posted: 19 Jun 2014 07:33 PM PDT


O primeiro objetivo: experimente ser acéfalo. Visualize a si mesmo como acéfalo; aja como se fosse. Essa sugestão parece ridícula, ilógica, mas é um dos exercícios mais importantes. Experimente e entenderá. Caminhe sentindo-se como se não tivesse cabeça. No princípio será apenas "como se". Quando começar a sentir que não tem cabeça, achará esquisito e estranho. Mas em pouco tempo você estará se acomodando no coração.

Existe uma lei. Você talvez tenha notado que uma pessoa que é cega tem uma audição mais sensível, um ouvido mais musical. As pessoas cegas possuem uma sensibilidade para a música mais profunda. Por quê? A energia que normalmente circula pelos olhos, no caso, não pode passar por eles, então escolhe um caminho diferente que passa pelas orelhas.

Os cegos têm maior sensibilidade no tato. Se um cego lhe tocar, você sentirá a diferença, porque normalmente exercemos grande parte do nosso tato usando os olhos: costumamos nos tocar uns aos outros por meio dos olhos. Um cego não tem como exercer o tato com os olhos, assim a energia corre pelas mãos dele. Um cego é mais sensível que qualquer outra pessoa cujos olhos sejam sadios. Há exceções, mas geralmente é assim. A energia começa a circular a partir de outro centro se determinado centro não estiver atuante.

Assim sendo, experimente este exercício de que estou falando -o exercício de acefalia - e sentirá uma coisa estranha: será como se, pela primeira vez, você estivesse no coração. Caminhe sem cabeça. Sente-se para meditar, feche os olhos e sinta que não há uma cabeça. Sinta: "A minha cabeça desapareceu." No princípio será apenas "como se", mas em pouco tempo você sentirá que a sua cabeça realmente desapareceu. Quando sentir que a sua cabeça desapareceu, o seu centro recairá sobre o coração, imediatamente! Você estará olhando para o mundo com o coração e não com a cabeça.

Quando os ocidentais chegaram pela primeira vez ao Japão, eles não conseguiam acreditar que, durante séculos, os japoneses tradicionalmente acreditavam que pensavam com a barriga. Se perguntarmos a uma criança japonesa que não tenha sido educada segundo o estilo ocidental: "Onde fica o seu pensamento?", ela apontará para a barriga.

Séculos e séculos se passaram e o Japão tem vivido sem a cabeça. Isso é apenas um conceito. Se eu lhe perguntar: "Por onde você pensa?", você apontará para a cabeça, mas um japonês apontará para a barriga. Esse é um dos motivos pelos quais a mente japonesa é mais calma, quieta e tranquila.

Atualmente já não é mais assim, porque o Ocidente se espalhou por toda parte. Hoje não existe mais Oriente, que permanece apenas em alguns indivíduos que são como ilhas, aqui e ali. Geograficamente, o Oriente desapareceu e o mundo inteiro é ocidental.

Pratique a acefalia. Medite em pé diante do espelho do banheiro. Olhe profundamente nos seus olhos e sinta que você está olhando com o coração. Em pouco tempo o centro do coração começará a funcionar. E quando o coração funciona, ele muda totalmente a sua personalidade, todo o seu organismo, todo o seu modo de ser, porque o coração tem um estilo próprio.

Primeiro pratique a acefalia. Em seguida, seja uma pessoa mais carinhosa, porque o amor não funciona através da cabeça. É por isso que, quando uma pessoa está apaixonada, dizemos que "perdeu a cabeça": é como se tivesse ficado louca. Se não estiver apaixonado e maluco, você não está realmente apaixonado. E preciso perder a cabeça. Se ela não for afetada, se estiver funcionando normalmente, não é possível amar, porque para amar é preciso que o coração funcione e a cabeça não. Essa é uma função do coração.

É difícil descer do pedestal. Torna-se uma postura rígida. Se você é um empresário, continua sendo até na cama. É difícil acomodar duas pessoas internamente e não é fácil mudar o seu modo de ser radicalmente, imediatamente, no momento em que você decidir. Sei que é difícil, mas, se estiver apaixonado, terá de descer do alto de sua cabeça.

Para essa meditação, experimente ser uma pessoa mais carinhosa. Quando digo isso, estou lhe dizendo para mudar o caráter de seus relacionamentos: faça com que sejam baseados no amor. Torne-se mais carinhoso não só com seu parceiro, seus filhos ou seus amigos, mas em relação à vida como um todo. É por isso que Mahavir e Buda falavam sobre a não-violência: para criar uma atitude de carinho em relação à vida.

Quando Mahavir anda ou faz qualquer movimento, ele permanece atento para não matar nem mesmo uma formiga. Por quê? A formiga não é a questão. Mahavir sai da cabeça e vai para o coração, criando uma atitude de carinho em relação à vida como um todo.

Quanto mais os seus relacionamentos se basearem no amor, mais o seu centro do coração irá funcionar. E quando esse centro funcionar, você verá o mundo com outros olhos, porque o coração tem a sua própria maneira de ver o mundo. A mente não consegue ver dessa maneira, ela só consegue analisar! O coração sintetiza, enquanto a mente disseca e divide. Só o coração produz a unidade.

Quando for capaz de ver com o coração, o universo inteiro parecerá um todo único, uma unidade. Quando você observa com a mente, o mundo inteiro se torna atômico. Não existe unidade: só átomos e átomos e átomos. O coração proporciona a sensação da unidade. Ele reúne e a síntese final é Deus. Se for capaz de ver com o coração, o universo inteiro será um e essa unidade será Deus.

É por isso que a ciência nunca consegue encontrar Deus. É impossível, porque o método aplicado nunca consegue alcançar a suprema unidade. O método característico da ciência é a razão, a análise, a divisão. Desse modo, a ciência chega a moléculas, átomos, elétrons, e eles continuam a ser divididos. Eles não podem nunca chegar à unidade orgânica do todo. É impossível ver o todo com a cabeça.

Osho, em "Meditação: A Primeira e Última Liberdade"
Imagem por Mike Shaheen

terça-feira, 17 de junho de 2014

Pior que suicídio

Pior que suicídio

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Pior que suicídio

Posted: 16 Jun 2014 05:47 PM PDT


Não imite ninguém, não siga ninguém, senão você terá somente uma pseudo-existência — e isto é pior que suicídio.

Seja você mesmo — e somente então você poderá ser responsável, autêntico e verdadeiro.

Mas normalmente todos são de segunda mão e emprestados, e isto faz com que tudo fique feio.

Mulla Nasrudin foi a uma mesquita e se sentou. Sua camisa era um pouco curta, e um homem atrás dele puxou-a para baixo, achando-a indecente.

Nasrudin imediatamente puxou a camisa do homem à sua frente.

O que você está fazendo? — perguntou o homem em frente.

Não me pergunte, pergunte ao homem atrás de mim, foi ele que começou — disse Nasrudin.

Osho, em "Uma Xícara de Chá"
Imagem por Florian G

domingo, 15 de junho de 2014

A maior conquista da meditação

A maior conquista da meditação

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A maior conquista da meditação

Posted: 14 Jun 2014 11:55 AM PDT


Não julgue, porque no momento em que começar a julgar você esquecerá de observar. E isso acontece porque no momento em que começa a julgar — "Esse pensamento é bom" — justamente nesse espaço de tempo você não estará observando. Você começou a pensar, envolveu-se. Não conseguiu permanecer alheio, parado à margem da estrada, só observando o tráfego.

Não se torne um participante avaliando, julgando, condenando; nenhuma atitude deve ser tomada a respeito do que está se passando na sua mente. Você precisa observar os seus pensamentos como se fossem nuvens passando no céu. Você não faz julgamentos sobre as nuvens — essa nuvem negra é ruim e essa nuvem branca parece um sábio. Nuvens são nuvens, elas não são nem boas nem ruins.

O mesmo acontece com os pensamentos — são meras ondinhas passando na sua mente. Observe-os sem julgá-los e você terá uma grande surpresa. Quando a sua observação se tornar constante, os pensamentos passarão a ficar cada vez mais esparsos. A proporção é exatamente a mesma; se você estiver com 50% da atenção na observação, então 50% dos seus pensamentos vão deixar de existir. Se estiver com 60% da atenção, então só restarão 40% dos pensamentos. Quando você for 99% pura testemunha, só de vez em quando surgirá um pensamento solitário — 1 % passando na estrada, não haverá mais tráfego nenhum. Esse tráfego da hora do rush não existirá mais.

Quando você deixar de lado 100% dos julgamentos, passará a ser apenas uma testemunha; isso significa que você se tornou simplesmente um espelho — porque o espelho nunca faz nenhum julgamento. Uma mulher feia mira-se no espelho e ele não faz nenhum julgamento. Uma mulher bonita mira-se no espelho e não faz nenhuma diferença. Quando não há ninguém diante dele, o espelho tem a mesma pureza de quando há alguém sendo refletido em sua superfície. Nem o reflexo o afeta nem o não-reflexo.

O testemunhar se torna um espelho. Essa é a maior conquista da meditação. Se consegui-la, você já estará na metade do caminho, pois trata-se da parte mais difícil. Agora você sabe o segredo, e o mesmo segredo tem simplesmente de ser aplicado em outros objetos.

Dos pensamentos você precisa passar para experiências mais sutis ligadas às emoções, aos sentimentos, aos estados de espírito. Da mente para o coração, nas mesmas condições: nenhum julgamento, só testemunho. E, surpresa, a maioria das suas emoções, sentimentos e estados de espírito começarão a se dissipar. Agora, quando está sentindo tristeza, você está realmente triste, está tomado de tristeza. Quando está com raiva, ela não é parcial. Você fica cheio de raiva; cada fibra do seu ser vibra de raiva.

Observando o coração, a impressão que se tem é que agora nada mais pode possuir você. A tristeza vem e vai embora, você não fica triste; a felicidade vem e vai embora, você também não fica feliz. Seja o que for que se passe nas camadas mais profundas do coração, isso não afeta você. Pela primeira vez você tem uma amostra do que seja maestria. Não é mais um escravo à mercê da vontade alheia; nenhuma emoção, nenhum sentimento, ninguém pode mais perturbá-lo com ninharias.

Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa"

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Só se pode chegar em casa sozinho

Só se pode chegar em casa sozinho

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Só se pode chegar em casa sozinho

Posted: 08 Jun 2014 03:29 PM PDT


Na sociedade, existe uma profunda expectativa de que você se comporte exatamente como todos os demais. No momento em que se comporta de forma um pouco diferente, você passa a ser um sujeito estranho, e as pessoas têm muito medo de estranhos.

É por isso que, em qualquer lugar, se há duas pessoas no ônibus, no trem ou paradas no ponto de ônibus, elas não podem ficar sentadas em silêncio — porque em silêncio elas são dois estranhos. Elas começam imediatamente a se apresentar uma a outra — "Quem é você? Para onde está indo? O que você faz, qual é a sua profissão?" Mais um pouco...e elas sossegam; você é outro ser humano sendo exatamente como eles.

As pessoas sempre querem participar de um grupo ao qual se ajustem. No instante em que você se comporta de um jeito um pouco diferente, o grupo todo fica desconfiado; alguma coisa está errada.

Eles conhecem você, podem ver a mudança. Eles o conheciam quando você nunca se aceitava, e agora eles vêem de repente que você se aceita...

Nesta sociedade, ninguém aceita a si mesmo. Todo mundo se condena. Esse é o estilo de vida da sociedade: condenar-se. E, se você não está se condenando, se está se aceitando do jeito que é, você tem que se afastar da sociedade.

E a sociedade não tolera ninguém que saiu do rebanho, porque ela vive de números; é uma política de números. Quando há muitos números, as pessoas se sentem bem. Números grandes fazem com que as pessoas sintam que tem de estar certas - elas não podem estar erradas, milhões de pessoas estão com elas. E, quando ficam sozinhas, grandes dúvidas começam a vir à tona: Ninguém está comigo. O que garante que estou certo?

É por isso que eu digo que, neste mundo, ser um indivíduo é o maior sinal de coragem.

Para ser um indivíduo, é preciso o mais destemido dos treinamentos: "Não importa que o mundo inteiro esteja contra mim. O que importa é que a minha experiência é válida. Eu não me importo com os números, com quantas pessoas estão comigo. Eu me importo com a validade da minha experiência — se estou simplesmente repetindo as palavras de outra pessoa, como um papagaio, ou se a fonte das minhas afirmações é a minha própria experiência. Se é a minha própria experiência, se isso é parte do meu sangue, dos meus ossos, do meu âmago, então o mundo inteiro pode pensar de outro jeito; ainda assim, eu estou certo e eles estão errados. Não importa, não preciso da aprovação deles para sentir que estou certo. Só aqueles que defendem as opiniões de outras pessoas precisam do apoio dos outros."

Mas é assim que a sociedade humana tem sido até agora. É assim que ela mantém você no rebanho. Se os outros estão tristes, você tem que ficar triste; se sofrem, você tem que sofrer. O que quer que eles sejam, você tem que ser também. Não se permitem diferenças, porque as diferenças acabam levando para o indivíduo, para o único, e a sociedade tem muito medo do indivíduo e da unicidade. Isso significa que alguém ficou independente do grupo, que essa pessoa não dá a mínima para o grupo. Seus deuses, seus templos, seus padres, suas escrituras, tudo ficou sem sentido para ela.

Agora ela tem seu próprio ser e seu próprio jeito, seu próprio estilo — de viver, morrer, celebrar, cantar, dançar. Ela chegou em casa.

E ninguém pode chegar em casa junto com a multidão. Só se pode chegar em casa sozinho.

Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"
Imagem por Stefan Waidele

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Dê uma chance à meditação

Dê uma chance à meditação

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Dê uma chance à meditação

Posted: 05 Jun 2014 05:52 PM PDT


Quando a mente está sem pensamentos, isso é meditação. A mente fica sem pensamentos em dois estados — ou no sono profundo ou na meditação. Se você está consciente e os pensamentos desaparecem, isso é meditação. Se os pensamentos desaparecem e você fica inconsciente, isso é sono profundo.

O sono profundo e a meditação têm uma semelhança e uma diferença. A semelhança é a seguinte: em ambos, os pensamentos desaparecem. Por outro lado, eles têm uma diferença: no sono profundo, a consciência também desaparece, mas na meditação ela permanece.

Portanto, a meditação é igual a sono profundo mais consciência. Você fica relaxado, como no sono profundo, e continua consciente, totalmente consciente — e isso leva você ao portal dos mistérios.

No sono profundo, você passa para a não-mente, mas sem ter consciência. Você não sabe para onde está sendo levado, embora pela manhã sinta o impacto e o efeito disso. Se se tratar de fato de um sono profundo e belo, sem sonhos que o perturbem, pela manhã você se sentirá renovado, rejuvenescido, vibrante, jovem outra vez, cheio de ânimo e vontade de viver. Mas você não sabe o que aconteceu, onde esteve. Você foi tomado por uma espécie de coma profundo, como se tivesse recebido uma anestesia e sido levado para algum outro plano de onde você volta revigorado, jovem e rejuvenescido.

Na meditação, isso acontece sem anestesia.

Portanto, meditar significa ficar tão relaxado quanto você fica no sono profundo, mas alerta também. Faça com que a consciência continue — deixe que os pensamentos desapareçam, mas a consciência tem de permanecer.

E isso não é difícil, acontece simplesmente que nós nunca tínhamos tentado antes, só isso. É como nadar: se você nunca tentou, vai parecer muito difícil. Vai parecer muito perigoso também. E você não conseguirá nem imaginar como as pessoas conseguem fazer isso, porque você simplesmente afunda! Mas, depois que tiver tentado um pouco, a coisa parece ficar mais fácil; fica muito natural.

Agora um cientista do Japão provou em laboratório que uma criança de seis meses é capaz de nadar; basta dar a ela uma oportunidade. Esse cientista ensinou muitos bebês de seis meses a nadar; ele conseguiu um milagre! E disse que está tentando fazer o mesmo com crianças mais novas também.

É como se a arte de nadar estivesse embutida dentro de nós; para que essa capacidade seja ativada só é preciso dar a ela uma oportunidade.

É por isso que, depois que aprende a nadar, você nunca esquece. Você pode ficar quarenta, cinqüenta anos sem nadar, mas nunca esquece. Não se trata de algo acidental, é uma coisa natural; é por isso que você nunca esquece.

A meditação é parecida; é algo que está embutido. Você só tem de dar espaço para que ela entre em ação; é só dar a ela uma chance.

Osho, em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"
Imagem por Panoramas

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