sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ou confie ou mude

Ou confie ou mude

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Ou confie ou mude

Posted: 18 Sep 2014 07:50 AM PDT


Eu ouvi que, certa vez, Winston Churchill foi convidado a falar em um pequeno clube de amigos. Todo mundo sabia que Churchill era alcoólatra e apreciava muito a bebida. O homem
que o apresentou, o presidente do clube, disse: "O senhor Winston bebeu tanto vinho até agora que, se nós vertêssemos tudo o que ele bebeu neste corredor, o nível alcançaria a minha cabeça". Era um corredor grande, e ele estava só brincando.

Winston Churchill levantou-se, olhou para a linha imaginária, depois para o teto, que era alto, mostrou-se muito entristecido e disse: "Tanto ainda para ser feito, e tão pouco tempo para fazer!".

Naquilo que diz respeito ao amor, ainda há tanto para fazer para todos e tão pouco tempo para fazer tudo. Não desperdice a sua energia lutando com o ciúme, com conflitos; mude, e mude amigavelmente. Procure em outro lugar a pessoa que o amará. Não se prenda a alguém que é errado, que não é para você. Não fique bravo, não se ganha nada com isso, e não tente forçar a confiança; ninguém pode forçá-la, nunca dá certo. Você perderá tempo, perderá energia e só se dará conta quando nada mais puder ser feito. Mude. Ou confie ou mude.

O amor sempre confia, ou se ele acha que a confiança não é possível, simplesmente muda de forma amigável; sem nenhum conflito, nenhuma briga. O sexo cria ciúme; procure, descubra o amor. Não faça do sexo o essencial, ele não é.

A Índia perdeu com o matrimônio arranjado; o Ocidente está perdendo com o amor livre. A Índia perdeu o amor porque os pais eram muito calculistas e espertos. Eles não permitiam apaixonar-se: isso é perigoso, ninguém sabe para onde conduzirá. Eles eram muito inteligentes, e por causa da inteligência a Índia perdeu toda a possibilidade de amar.

No Ocidente eles são muito rebeldes, jovens demais, não inteligentes, muito jovens, muito infantis. Eles fizeram do sexo uma coisa gratuita, disponível em todos os lugares. Nenhuma necessidade de descobrir o amor mais profundamente; desfrute o sexo e pronto.

Pelo sexo o Ocidente está perdendo: pelo matrimônio o Oriente perdeu. Mas se você está atento, você não precisa ser oriental, você não precisa ser ocidental. O amor não é nem oriental nem ocidental.

Continue a descobrir o amor dentro de você. E se você amar, cedo ou tarde a pessoa certa surgirá, porque um coração amoroso, cedo ou tarde, encontra um coração amoroso. Sempre acontece. Você achará a pessoa certa. Mas se tiver ciúme, você não achará, se está simplesmente atrás de sexo, você não achará, se você só vive em segurança, você não achará.

Osho, em "Um Pássaro em Voo: Conversas Sobre o Zen"
Imagem por yooperann

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Somente quando não existe o meditador a meditação acontece

Somente quando não existe o meditador a meditação acontece

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Somente quando não existe o meditador a meditação acontece

Posted: 14 Sep 2014 04:17 PM PDT


Em meditação, desfrute não fazer nada. Esteja em estado de perfeita passividade — então você estará em harmonia com o mundo.

As formas-de-pensamento dissolvem-se automaticamente porque elas não podem existir com a passividade total: elas são formas de uma mente viciada em atividade, e com elas o ego se dissolve — porque ele não pode existir sem formas-de-pensamento.

O ego não é nada mais que o centro de um redemoinho constantemente revolvendo formas-de-pensamento.

Permaneça na passividade, isto é, no estado absoluto de não-fazer, e a meditação se aprofunda a ponto de não existir mais o meditador; e lembre-se de que somente quando não existe o meditador a meditação realmente acontece.

Se você é, então não há meditação, e quando existe meditação você não é.

Osho, em "Uma Xícara de Chá"
Imagem por g-useppe

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Jesus não é moralista

Jesus não é moralista

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Jesus não é moralista

Posted: 10 Sep 2014 07:05 PM PDT


Jesus não é contra o amor, não é contra o sexo. Não é um puritano, um moralista.

Andei lendo outra noite algo que Dostoiévski disse: que os moralistas são sempre indivíduos amargurados. Parece ser uma observação absolutamente verdadeira.

Os moralistas são sempre indivíduos amargurados. Na verdade, só indivíduos amargurados podem se tornar moralistas. São tão amargurados que querem deixar os outros assim também. E a melhor maneira de deixar as pessoas amarguradas é fazê-las se sentir culpadas.

Jesus não é moralista. Seu brahamchary, seu celibato, tem uma qualidade totalmente diferente. Significa apenas que ele não tem mais interesse em se reproduzir no plano físico; tem interesse em se reproduzir no plano espiritual. Não gera filhos, gera discípulos. Cria mais moradas no mundo para Deus nelas entrar. Não cria corpos, cria almas.

Osho, em "A Flauta nos Lábios de Deus: O Significado Oculto dos Evangelhos"
Imagem por Dmitry Kichenko

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Suas antigas respostas prontas não vão ajudá-lo

Suas antigas respostas prontas não vão ajudá-lo

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Suas antigas respostas prontas não vão ajudá-lo

Posted: 04 Sep 2014 09:07 AM PDT


O verdadeiro homem de inteligência não se apegará a nenhuma ideologia - para quê?

Ele não vai carregar uma enormidade de respostas prontas. Sabe que tem inteligência suficiente para, no caso de surgir qualquer situação, ele ser capaz de reagir a ela.

Por que carregar uma carga desnecessária do passado? Qual o sentido disso?

E, na verdade, quanto mais coisas você carregar do passado, menos será capaz de reagir ao presente, porque o presente não é uma repetição do passado; ele é sempre novo, sempre, sempre novo. Nunca é o velho; às vezes pode se parecer com o velho, mas a vida nunca se repete. Ela é sempre fresca, sempre nova, sempre em desenvolvimento, sempre explorando, sempre se movendo em busca de novas aventuras.

Suas antigas respostas prontas não vão ajudá-lo. Na verdade, vão atrapalhá-lo; nunca lhe permitirão enxergar a situação nova.

Osho, em "Poder, Política e Mudança: Como Ajudar o Mundo a Se Tornar Um Lugar Melhor?"
Imagem por Dr. RawheaD

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Meditação não é concentração, mas relaxamento

Meditação não é concentração, mas relaxamento

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Meditação não é concentração, mas relaxamento

Posted: 26 Aug 2014 05:19 PM PDT


 As meditações podem estar erradas. Por exemplo, qualquer meditação que leve você a uma concentração profunda está errada. Você ficará cada vez mais fechado, em vez de se abrir. Se estreitar a sua consciência, concentrar-se em algo e excluir o todo da existência, focando em uma única coisa, isso só irá criar mais tensão. Daí a palavra "atenção". Nesse contexto ela significa "a-tensão". O próprio sentido da palavra concentração passa uma idéia de tensão.

A concentração tem os seus usos, mas não é o mesmo que meditação. No trabalho científico, na pesquisa científica, no laboratório, você precisa de concentração. Precisa se concentrar em uma questão e excluir todo o resto, a ponto de mal se dar conta do mundo fora do seu campo de interesse. O seu mundo é exclusivamente a questão em que você está concentrado. É por isso que os cientistas se tornam pessoas ausentes, distantes. As pessoas que se concentram muito acabam se tornando distantes porque não sabem permanecer abertas ao mundo como um todo.

Outro dia eu li uma anedota.
- Eu trouxe uma rã que acabei de coletar da lagoa - disse o cientista, professor de zoologia, sorrindo para sua turma. - Primeiro vamos estudar a aparência externa dela e depois dissecá-la.
O professor desembrulhou cuidadosamente o pacote que trazia e dentro havia um sanduíche de presunto muito bem preparado. O professor olhou para o sanduíche com surpresa.
- Estranho! - exclamou. - Eu me lembro claramente de ter comido o meu almoço.

Isso costuma acontecer com os cientistas. Eles se tornam introvertidos por terem o costume de se concentrar, de estreitar a mente. É claro que estreitar a mente tem o seu proveito: ela se torna mais penetrante, fica afiada como uma agulha; ela atinge exatamente o ponto desejado, mas perde toda a vida que a rodeia.

O Buda não é um homem de concentração, é um homem de percepção. Ele não tenta estreitar a consciência - pelo contrário, tenta eliminar todas as barreiras para ficar inteiramente disponível para a existência. Observe... A existência é simultânea. Enquanto falo, o ruído do trânsito pode ser ouvido. O trem, os pássaros, o vento que sopra entre as árvores - neste momento converge o todo da existência. Você me escuta, eu falo com você e milhões de coisas estão acontecendo - isso é imensamente enriquecedor.

A concentração torna você focado a um custo muito grande: 90% da vida é descartada. Se estiver resolvendo um problema matemático, não pode escutar os pássaros, pois será uma distração. As crianças que brincam por perto, os cachorros latindo na rua, tudo será uma distração.

Por causa da concentração, as pessoas tentam fugir da vida: sobem o Himalaia, refugiam-se em uma caverna, permanecem isoladas para poder se concentrar em Deus. Mas Deus não é um objeto, Deus é esse todo, o conjunto da existência, este momento. Deus é a totalidade. E por isso que a ciência jamais poderá conhecer Deus. O método básico da ciência é a concentração e, por causa desse método, a ciência nunca chegará a conhecer Deus.

Então, o que fazer? Repetir um mantra, ao fazer a meditação transcendental, não vai ajudar. A meditação transcendental tornou-se muito importante nos Estados Unidos por causa da visão objetiva, por causa da mente científica - é a única meditação em que o trabalho científico pode ser feito.

É exatamente concentração e não meditação, portanto é compreensível para mentes científicas. Nas universidades, nos laboratórios científicos, em trabalhos de pesquisa psicológica, muito se tem estudado a meditação transcendental, porque ela não é uma meditação. É um método de concentração. Ela pode ser classificada na mesma categoria da concentração científica: há uma ligação entre as duas. Mas não tem nada a ver com meditação.

A meditação é tão vasta, tão imensamente infinita, que não possibilita nenhum tipo de pesquisa científica. Só se um homem se tornar compaixão poderemos saber se ele conseguiu ou não. As ondas alfa não serão de muita ajuda porque elas pertencem à mente e a meditação não é da mente, é alguma coisa além.

Portanto, deixe-me dizer algumas coisas básicas. Em primeiro lugar, meditação não é concentração, mas relaxamento - basta relaxar dentro de si mesmo. Quanto mais você relaxa, mais se sente aberto, vulnerável, e menos rígido. Você fica mais flexível e, de repente, a existência começa a penetrar em você. Você não é mais como uma pedra, agora tem aberturas.

Relaxamento significa permitir-se entrar em um estado em que não se faz nada, porque, se algo estiver sendo feito, a tensão continuará. É um estado de não-fazer: simplesmente relaxar e apreciar a sensação de relaxamento. Relaxe sozinho, feche os olhos e escute tudo o que está acontecendo ao seu redor. Não procure sentir nada como uma distração. No momento em que você sentir que algo é uma distração, estará negando Deus.

Nesse momento Deus veio a você como um pássaro - não o negue. Ele bateu à sua porta como um pássaro. No momento seguinte veio como um cachorro latindo, ou como uma criança chorando e se lamentando, ou como um louco rindo. Não negue, não rejeite: aceite, porque, se você negar, ficará tenso. Todas as negações criam tensão, por isso aceite.

Se quiser relaxar, a única maneira é aceitar. Aceite tudo o que está acontecendo ao seu redor, deixe que se torne um todo orgânico. Tudo está relacionado, quer você saiba disso ou não. Esses pássaros, essas árvores, esse céu, esse sol, essa terra, você, eu - tudo está relacionado. É uma unidade orgânica.

Se o sol desaparecer, as árvores desaparecerão; se as árvores desaparecerem, os pássaros desaparecerão; se os pássaros e as árvores desaparecerem, você não poderá estar aqui. É a ecologia. Tudo está profundamente relacionado entre si.

Portanto, não negue nada, porque, no momento em que negar, estará negando alguma coisa em si mesmo. Se negar esses pássaros cantando, então alguma coisa em você também será negada.

Quando você relaxa, aceita; a aceitação da existência é a única maneira de relaxar. Se as coisas pequenas o perturbam, então é a sua atitude que o está perturbando. Sente em silêncio; escute tudo o que está acontecendo ao seu redor e relaxe. Aceite, relaxe e de repente sentirá a imensa energia que surge dentro de você.

E quando eu digo observe, não tente observar, caso contrário ficará tenso novamente e começará a se concentrar. Relaxe, permaneça relaxado, com o corpo solto, e olhe... O que mais pode fazer? Você está aí, não há nada a fazer, tudo foi aceito, não há nada a ser negado, rejeitado. Não há luta, briga ou conflito. Você simplesmente observa. Lembre-se: apenas observe.

Osho, em "Meditação: A Primeira e Última Liberdade"
Imagem por mugofcoffee

sábado, 16 de agosto de 2014

Essa espera é a transformação

Essa espera é a transformação

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Essa espera é a transformação

Posted: 15 Aug 2014 05:46 PM PDT


Pergunta a Osho:

Eu não sou rica nem tenho tudo de que preciso. Mas, mesmo assim, eu me sinto sozinha, confusa e deprimida. Existe alguma coisa que eu possa fazer quando esse tipo de depressão acontece?

Se está deprimida, fique deprimida; não "faça" nada. O que você pode fazer? Qualquer coisa que faça, fará por causa da depressão e isso a deixará mais confusa. Você pode rezar a Deus, mas rezará de modo tão deprimente que deixará até Deus deprimido com as suas orações!

Não cometa essa violência contra o pobre Deus. A sua oração será uma oração deprimente. Como você está deprimida, qualquer coisa que fizer virá acompanhada de depressão. Causará mais confusão, mais frustração, porque você não vai ser bem-sucedida. E, quando não é bem-sucedida, você fica mais deprimida, e esse é um ciclo sem fim.

É melhor ficar com a depressão original do que criar um segundo ciclo e depois um terceiro. Fique com o primeiro; o original é belo. O segundo será falso e o terceiro será um eco longínquo. Não crie esses últimos dois. O primeiro é belo.

Você está deprimida, portanto, é assim que a existência está se manifestando para você neste momento. Você está deprimida, então continue assim. Espere e observe. Você não vai poder ficar deprimida por muito tempo, porque neste mundo nada é permanente.

Este mundo é um fluxo. Ele não pode mudar as suas leis básicas por você, de modo que possa continuar deprimida para sempre. Nada aqui é para sempre; tudo está em movimento e em mudança. A existência é um rio; ela não pode parar para você, para que você possa continuar deprimida para sempre. Ela está em movimento — já mudou. Se você observar a sua depressão, verá que nem ela é a mesma; é diferente, está em mutação.

Só observe, continue com ela e não faça nada. É assim que a transformação acontece: por meio do não-fazer.

Sinta a depressão, prove-a em profundidade, vivencie-a, esse é o seu destino — quando menos esperar você sentirá que ela desapareceu, porque a pessoa que aceita até mesmo a depressão não pode ficar deprimida.

A pessoa, a mente que consegue aceitar até a depressão não permanece deprimida! A depressão precisa de uma mente sem aceitação: "Isso não é bom, isso não é nada bom; isso não devia ter acontecido, não devia; as coisas não deveriam ser desse jeito". Tudo é negado, é rejeitado — não aceito.

O "não" é a reação básica; até a felicidade será rejeitada por uma mente como essa. Essa mente descobrirá algo para rejeitar a felicidade também. Você ficará em dúvida quanto a ela. Sentirá que algo está errado. Estará feliz, por isso achará que existe alguma coisa errada: "Bastou meditar durante alguns dias para eu ficar feliz? Isso não é possível!"

A mente sem aceitação não aceita nada. Mas, se conseguir aceitar a sua solidão, a sua depressão, a sua confusão, a sua tristeza, você já estará transcendendo. Aceitação é transcendência. Você eliminou o próprio motivo da depressão, então ela não pode continuar.

Experimente isto:

Seja qual for o seu estado de espírito, aceite-o e aguarde até que esse estado mude por si só. Você não estará mudando nada, poderá sentir a beleza que se assoma quando o seu estado de espírito muda naturalmente. Você verá que é como o sol nascendo pela manhã e se pondo à noite. Então, mais uma vez ele se elevará no céu para depois se pôr à noite, e assim dia após dia.

Você não precisa fazer nada a respeito. Se conseguir sentir os seus estados de espírito mudando naturalmente, você vai ficar indiferente. Vai ficar a quilômetros de distância, como se a mente estivesse em outro lugar. O sol está nascendo e se pondo; a depressão está surgindo, a felicidade está surgindo, depois indo embora, mas você não está participando disso. Ela vem e vai embora por conta própria; os estados irrompem, mudam e desaparecem.

Com a mente confusa, é melhor esperar e não fazer nada, para que a confusão desapareça. Ela vai desaparecer; nada é permanente neste mundo. Você só precisa de muita paciência. Não tenha pressa.

Eu lhe contarei uma história que eu sempre repito. Buda estava atravessando uma floresta. O dia estava quente — o sol estava a pino — ele tinha sede, por isso pediu ao seu discípulo Ananda, "Volte. Nós cruzamos um córrego. Volte e pegue um pouco de água para mim".

Ananda voltou, mas o córrego era estreito demais e algumas carroças estavam passando por ele. A água, agitada, tinha ficado barrenta. Toda a sujeira do fundo viera à superfície, tornando a água imprópria para consumo. Então Ananda pensou, "Terei de voltar de mãos vazias". Ele voltou e disse ao Buda, "A água ficou barrenta, não dá para beber". Deixe-me seguir na frente. Sei que há um rio a alguns quilômetros daqui, eu irei até lá e buscarei água".

Buda disse, "Não! Volte ao córrego". Ananda voltou para não desobedecer ao Buda, mas foi contrariado. Ele sabia que a água não ficaria límpida outra vez e que iria apenas desperdiçar seu tempo, além de estar com sede também. Mas ele não podia desobedecer ao Buda. Mais uma vez voltou ao riacho para em seguida refazer o trajeto e dizer a Buda, "Por que o senhor insiste? A água não é potável!"

Buda disse, "Vá outra vez". E como ordenou Buda, Ananda aquieceu.

Na terceira vez que ele voltou ao riacho, a água estava cristalina como de costume. A sujeira tinha baixado, as folhas mortas descido rio abaixo e a água estava límpida outra vez. Então Ananda riu. Ele encheu seu cântaro de água e voltou dançando. Ao chegar, caiu aos pés do Buda e disse, "Os seus métodos de ensino são miraculosos. Você me ensinou uma grande lição — que só é preciso ter paciência e que nada é permanente".

E esse é o ensinamento básico do Buda: nada é permanente, tudo é transitório, então para que se preocupar? Volte ao mesmo riacho. Agora, tudo já deve ter mudado. Nada continua igual. Tenha simplesmente paciência e a sujeira vai se assentar, a água vai ficar cristalina outra vez.

Ananda também tinha perguntado ao Buda, depois de voltar do córrego pela segunda vez, "Você insiste para que eu vá, mas eu posso fazer alguma coisa para que a água fique mais limpa?"

Buda disse, "Por favor, não faça nada; do contrário, você a deixará mais enlameada ainda. E não entre no córrego. Fique apenas do lado de fora, esperando na margem. Se entrar, você só piorará as coisas. O córrego flui naturalmente, portanto, deixe-o fluir".

Nada é permanente; a vida é um fluxo. Heráclito disse que você não pode entrar no mesmo rio duas vezes. É impossível entrar duas vezes no mesmo rio porque o rio nunca pára de fluir; tudo já terá mudado. E não só o rio flui, você também flui. Você também estará diferente; você também é um rio fluindo.

Veja essa impermanência de tudo. Não tenha pressa; não tente fazer coisa alguma. Apenas espere! Espere num total não-fazer.

E, se conseguir esperar, a transformação acontecerá. Essa espera é a transformação.

Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa"
Imagem por aditya kovvali

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Só a meditação pode matar a mente

Só a meditação pode matar a mente

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Só a meditação pode matar a mente

Posted: 07 Aug 2014 06:02 PM PDT


Lembre-se disto: a mente é velha, não pode nunca ser nova. Portanto, não pense nunca que a sua mente é original. Nenhuma mente pode ser original. Todas as mentes são velhas, repetitivas. É por isso que ela gosta tanto das repetições e está sempre contra o novo. Por ter sido criada pela mente, a sociedade também está sempre contra o novo. Por terem sido criados pela mente, o estado, a civilização, a moral estão sempre contra o novo. Nada pode ser mais ortodoxo do que a mente.

Com a mente, nenhuma revolução é possível. Se você é um revolucionário através da mente, pare de enganar a si mesmo. Um comunista não pode ser revolucionário porque nunca meditou. Seu comunismo é mental. Apenas trocou de Bíblia: não acredita mais em Jesus, acredita em Marx ou em Mao, a última edição de Marx. O comunista é tão ortodoxo quanto qualquer católico, hindu ou maometano. Seu ortodoxismo é o mesmo porque a ortodoxia não depende do que é acreditado. A ortodoxia depende de se acreditar através da mente. E a mente é o elemento mais ortodoxo, mais conformista do mundo.

Qualquer coisa que a mente crie, nunca será nova, será sempre anti-revolucionária. É por isso que a única revolução possível no mundo é a religiosa, não pode haver outra. Apenas a religião pode ser revolucionária porque só ela chega à própria fonte. Só ela abandona a mente, o velho. Assim, de repente, tudo é novo, porque era a mente que estava tornando tudo velho através de suas interpretações.

De repente, você volta a ser criança. Seus olhos são jovens, inocentes. Você olha sem informações, sem ensinamentos. De repente, as árvores têm um novo frescor, o verde mudou — já não é mais opaco; é vivo, brilhante. De repente, o canto dos pássaros é totalmente diferente.

Isso é o que tem acontecido a muitas pessoas pelas drogas. Aldous Huxley ficou intensamente fascinado pelas drogas por causa disso. Em todo o mundo, a nova geração sente-se atraída pelas drogas. A razão disso é que a droga, por um momento, por algum tempo, coloca sua mente de lado quimicamente. Você olha para o mundo e, então, as cores ao seu redor são simplesmente miraculosas. Você nunca viu algo assim! Uma flor comum transforma-se em toda a existência, traz consigo toda a glória do Divino. Uma folha comum adquire tanta profundidade que é como se estivesse revelando toda a Verdade. Todas as coisas imediatamente mudam. A droga não pode mudar o mundo; o que ela faz é colocar sua mente de lado por um processo químico.

Mas a pessoa pode tornar-se viciada; então, a mente terá absorvido a droga também. Apenas no começo, nas primeiras duas ou três vezes, é que a mente pode ser enganada quimicamente. Depois, pouco a pouco, a mente entra num acordo com a droga e novamente toma as rédeas. O choque original é perdido. Torna-se viciado pela droga. O comando volta a pertencer à mente. Pouco a pouco, mesmo quimicamente, torna-se impossível colocar a mente de lado. Ela continua presente. Então, você está viciado. As árvores voltam a ser velhas, as cores já não são tão radiantes, tudo está novamente opaco. A droga o matou, mas não a sua mente.

A droga pode dar apenas um tratamento de choque. Ela é um choque químico para todo o corpo. Nesse choque, o velho ajustamento é quebrado. As brechas aparecem e, através delas, você pode olhar. Mas isso não pode se tornar um hábito. É impossível fazer da droga uma prática. Cedo ou tarde, ela fará parte da mente, a mente assumirá a direção. E tudo voltará a ser velho.

Só a meditação pode matar a mente — nada mais. A meditação é o suicídio da mente, é a mente cometendo suicídio. Sem qualquer química, sem qualquer meio físico, você põe sua mente de lado. Torna-se o mestre. E quando você é o mestre, tudo é novo. Desde a própria origem até o derradeiro final, tudo é novo, jovem, inocente. A morte não existe, nunca ocorreu neste mundo. A vida é eterna.

Osho, em "Nem Água, Nem Lua"
Imagem por "lapolab"

domingo, 3 de agosto de 2014

Não há novidade alguma

Não há novidade alguma

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Não há novidade alguma

Posted: 02 Aug 2014 12:30 PM PDT


Pediram a Osho:

Osho,
Você poderia comentar sobre este poema de Rumi, que amo tanto:


Lá fora, a noite fria e deserta.
Esta outra noite interior se faz tépida, em brasas.
Deixe a paisagem cobrir-se com uma crosta espinhosa.
Temos um jardim delicado aqui dentro.
Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se torna uma bola calcinada e escurecida.
As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro.
Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma.


O poema de Mevlana Jalaluddin Rumi é lindo. Como sempre, ele só diz palavras lindas.

Ele é um dos poetas místicos mais importantes. Essa é uma combinação rara; há milhões de poetas no mundo e há pouquíssimos místicos, mas um homem que seja ambos é raramente encontrado.

Rumi é uma flor muito rara. É igualmente grande como poeta e como místico. Por isso sua poesia não é apenas poesia, não é apenas um lindo arranjo de palavras. Sua poesia contem imenso significado e aponta para a suprema verdade.

Ela não é entretenimento, mas iluminação.

Ele está dizendo: "Lá fora, a noite fria e deserta. Esta outra noite interior se faz tépida, em brasas." O exterior não é o verdadeiro espaço para você estar. Fora, você é um estrangeiro; dentro, você está em casa. Fora, é uma noite fria e deserta. Dentro, é tépido, aconchegante.

Mas são muito poucos os afortunados que se movem do exterior para o interior. Eles esqueceram completamente que têm um lar dentro de si mesmos; eles o estão procurando, mas estão procurando no lugar errado. Procuram durante toda sua vida, mas sempre fora. Nunca param por um momento e olham para dentro.

"Deixe a paisagem cobrir-se com uma crosta espinhosa. Temos um jardim delicado aqui dentro." Não fique preocupado com o que acontece do lado de fora. Dentro há sempre um jardim pronto para acolhê-lo.

"Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se toma uma bola calcinada e escurecida. As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro." Essas palavras de Rumi são hoje mais significativas, mais importantes do que quando as escreveu. Ele as escreveu há setecentos anos, mas hoje não são apenas simbólicas: elas se tornarão a realidade.

"Os continentes foram arrasados, cidades e aldeias, tudo se tomou uma bola calcinada e escurecida. As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro. Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma."

Essa última sentença vem de um antigo ditado que diz: A ausência de notícia é sinal de que tudo está bem. Nasci numa pequena aldeia onde o carteiro só vinha uma vez por semana. E as pessoas tinham medo de que ele lhes trouxesse uma carta; ficavam contentes quando não havia carta alguma. E de vez em quando havia um telegrama para alguém. E simplesmente o boato de que alguém recebeu um telegrama era um choque tão grande para a aldeia que todos se reuniam... e apenas um homem sabia ler. Todos tinham medo: um telegrama? Isso significa uma má notícia. Senão, por que a pessoa deveria desperdiçar dinheiro com um telegrama?

Aprendi, desde minha infância, que a ausência de notícia é sinal de que tudo está bem. As pessoas ficavam felizes quando não recebiam notícia de seus parentes, de seus amigos ou de qualquer um. Isso significava que tudo ia bem.

Rumi está dizendo: As novidades que ouvimos estão cheias de pesar por este futuro. Mas a verdadeira novidade aqui dentro é que não há novidade alguma. Tudo está silencioso e tudo está lindo, tranquilo, extasiante como sempre esteve. Não há mudança alguma, portanto não há novidade.

Dentro é um eterno êxtase, sempre.

Vou repetir mais uma vez, para que essas linhas possam se tornar uma realidade em sua vida. Antes que isso aconteça, você deve atingir dentro de si esse lugar, onde nenhuma novidade jamais aconteceu, onde tudo é eternamente o mesmo, onde a primavera nunca vem e vai, mas sempre permanece; onde as flores estiveram desde o começo... se já houve algum começo... e haverão de estar até o fim... se houver algum fim. Na verdade, não há começo e não há fim, e o jardim é exuberante, verde e repleto de flores.

Antes que o mundo exterior seja destruído pelos seus políticos, penetre em seu mundo interior. Essa é a única segurança que resta, o único abrigo contra as armas nucleares, contra o suicídio global, contra todos esses idiotas que têm tanto poder de destruição.

Você pode, pelo menos, salvar a si mesmo.

Eu tinha esperança, mas à medida que os dias foram passando, fui conhecendo cada vez mais a estupidez do homem... ainda tenho esperança, mas somente por um velho hábito; na realidade meu coração aceitou o fato de que apenas algumas pessoas podem ser salvas. A totalidade da humanidade está determinada a se autodestruir, e essas pessoas... se você lhes diz como podem ser salvas, elas irão crucificá-lo, irão apedrejá-lo até a morte.

Percorrendo o mundo, ainda estou rindo, mas há uma tristeza sutil nisso. Ainda danço com vocês, mas já não é como mesmo entusiasmo de dez anos atrás.

Parece que os poderes superiores da consciência são impotentes contra os poderes mais baixos e feios dos políticos. O mais elevado é sempre frágil, como uma rosa; você pode destruí-la com uma pedra. Isso não significa que a pedra se torne mais elevada que a rosa, mas simplesmente que a pedra está inconsciente do que está fazendo.

As multidões estão inconscientes do que estão fazendo, e os políticos fazem parte da multidão. São seus representantes, e quando pessoas cegas estão conduzindo outras pessoas cegas, é quase impossível acordá-las, porque a questão não é apenas o sono... elas são cegas também.

Há tempo suficiente para despertá-las, mas não há tempo suficiente para curar seus olhos. Assim, agora me limitei completamente ao meu povo. Esse é meu mundo, porque sei que aqueles que estão comigo podem estar adormecidos, mas não são cegos. Eles podem ser acordados.


Osho, em "Sacerdotes e Políticos: A Máfia da Alma"
Imagem por Lissa R

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A situação da consciência humana comum

A situação da consciência humana comum

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A situação da consciência humana comum

Posted: 29 Jul 2014 06:34 PM PDT


Um bêbado esbarrou num sinal de pare. Atrapalhado e desorientado, deu um passo para trás e depois avançou na mesma direção. Bateu no sinal de novo. Voltou mais alguns passos, esperou um pouco e marchou em frente. Colidindo com o sinal novamente, ele o abraçou, derrotado, e disse:

— Não adianta. Estou cercado. Por onde vou, me param.

E ele não andou em nenhuma outra direção. Sempre foi em direção ao sinal. E quando colidia, é claro, pensou estar cercado.

Essa é a situação da consciência humana comum. Você anda na mesma direção, inconsciente, no mesmo sentido, inconsciente. E bate de novo, e de novo, e pensa: "Por que tanta amargura? Por quê? Por que Deus criou um mundo tão miserável? Será que Deus é sádico, que quer torturar as pessoas? Por que criou uma vida que é quase uma prisão, na qual não há liberdade?"

A vida é absolutamente livre. Mas para ver essa liberdade, primeiro você terá de libertar sua consciência.

Lembre-se deste critério: quanto mais consciente você estiver, maior será a glória; quanto menos consciente você estiver, menor será a glória. Depende de seu nível de consciência.

Há pessoas que procuram nas Escrituras meios de se tornarem mais livres, mais gloriosas, de alcançar a verdade. Não vai adiantar nada, porque não é uma questão das Escrituras. Se você estiver inconsciente e ler a Bíblia e o Alcorão e os Vedas e o Gita, não vai adiantar, porque a sua inconsciência não pode ser mudada por meio dos estudos.

Na verdade, a Escritura não poderá mudar sua consciência, mas sua consciência mudará a Escritura — o significado das Escrituras. Você encontrará o que pensa lá. Interpretará as coisas de tal maneira que a Bíblia, os Vedas, o Alcorão começarão a funcionar como prisões.

É assim com os cristãos e hindus e maometanos — todos prisioneiros.

Osho, em "A Flauta nos Lábios de Deus: O Significado Oculto dos Evangelhos"
Imagem por Leo Bernard

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Meditação da Rosa Mística, de Osho

Meditação da Rosa Mística, de Osho

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Meditação da Rosa Mística, de Osho

Posted: 23 Jul 2014 07:43 PM PDT


A simbologia da rosa mística é que, se um homem cuida da semente com a qual nasceu, proporcionando-lhe o solo certo, a atmosfera e as vibrações certas, trilha um caminho certo no qual a semente possa brotar, então o supremo crescimento é simbolizado pela rosa mística - quando o seu ser floresce, abre todas as suas pétalas e libera a sua linda fragrância.

A Terapia de Meditação da Rosa Mística é um processo que leva três horas por dia e dura três semanas. É oferecido mensalmente como parte do programa Multiversity no Osho Meditation Resort em Puna, na índia, e também em muitos Osho Meditation Centers em todo o mundo. A pedido de Osho, as terapias de meditação são sempre conduzidas por um facilitador que foi treinado nesse processo no Meditation Resort.

Recomenda-se fazer ao menos três meses de Meditação Dinâmica de Osho antes de ingressar na Terapia de Meditação da Rosa Mística.

As instruções a seguir se referem à Meditação da Rosa Mística, que pode ser feita por indivíduos que já tenham participado da Terapia de Meditação da Rosa Mística.

Instruções


Esta meditação em três partes, com duração de 21 dias, pode ser feita por todos aqueles que já tenham participado da Terapia de Meditação da Rosa Mística. Você pode executá-la sozinho ou na companhia de amigos.

1. Instruções para o riso

O riso autêntico não possui uma razão. Ele acontece em você tão naturalmente como uma flor desabrocha em uma planta. Não possui motivo ou explicação racional. É misterioso, por isso seu símbolo é a rosa mística.

Durante sete dias, comece gritando "Iá-hu!" algumas vezes e depois ria sem motivo nenhum durante 45 minutos. Você pode ficar sentado ou deitado. Algumas pessoas acham que deitar-se de costas ajuda a relaxar os músculos do estômago e facilita a circulação da energia. Outras acham que cobrir-se com um lençol ou manter as pernas levantadas ajuda a provocar o riso, despertando o riso infantil que existe nelas. O importante é encontrar o seu riso interior, o riso sem motivo algum, portanto em geral os olhos permanecem fechados. Olhar para os companheiros rindo, contudo, também é uma ótima maneira de provocar o riso.

Deixe que seu corpo role ligeiramente de forma solta e relaxada, com a inocência da criança que existe dentro de você, e permita que seu riso seja completamente espontâneo.

Às vezes podem surgir bloqueios que foram alimentados durante séculos, impedindo seu riso. Quando isso acontecer, grite "Iá-hu!" ou comece a tagarelar (emitir sons sem nexo) até voltar a rir naturalmente.

Relaxe: no fim da etapa do riso, sente em silêncio, com os olhos fechados, durante alguns minutos. Mantenha o corpo imóvel, como uma estátua, reunindo toda a sua energia internamente. Continue
relaxando: relaxe o corpo totalmente, sem o menor esforço ou controle. Quando achar que está pronto, ainda sentado, endireite sua postura, ainda em silêncio, e observe durante 15 minutos.

2. Instruções para as lágrimas

Quando o riso terminar, você se sentirá preenchido de lágrimas e dor. Esta também é uma ótima oportunidade para se aliviar. Muitas vidas de dor e sofrimento irão desaparecer, se você puder se livrar dessas duas camadas que descobriu dentro de si.

Durante a segunda semana, comece dizendo "Iá-bu" algumas vezes suavemente, depois comece a chorar e permaneça assim por 45 minutos. Talvez você prefira um aposento em penumbra para ajudá-lo a encontrar sua tristeza. Pode ficar sentado ou deitado. Feche os olhos e rememore todos os sentimentos que possam ajudá-lo a chorar.

Permita-se chorar verdadeira e intensamente, limpando e aliviando o coração. Sinta todas as suas mágoas e infelicidades represadas irromperem, como um rio de lágrimas represado rompendo a represa e inundando tudo. Caso se sinta bloqueado ou sonolento depois de chorar durante algum tempo, experimente falar a esmo, tagarelando sem nexo. Balance o corpo para a frente e para trás ligeiramente ou repita o mantra "Iá-bu" algumas vezes. As lágrimas estão em você, não as impeça de correr.

Relaxe: ao fim da etapa de choro, sente em silêncio por alguns minutos e então relaxe, como fez depois do riso.

Durante essa semana de lágrimas, permaneça aberto a qualquer situação que possa provocar o choro. Sinta-se vulnerável.

3. Instruções para o observador na montanha

Durante a terceira semana, sente em silêncio por qualquer período de tempo que lhe pareça conveniente e confortável, e depois dance ao som de uma música leve e animada. Você pode sentar no chão ou usar uma cadeira. Mantenha a cabeça e as costas o mais eretas possível, os olhos fechados e a respiração natural.

Relaxe, fique atento, torne-se um observador no alto da montanha, testemunhando o que acontece. Esse processo de observar é a meditação - o que está sendo observado não é importante. Lembre-se que é importante não se identificar ou se deixar distrair pelo que acontece ou pelo que você vê - pensamentos, sentimentos, sensações, julgamentos.

Quando estiver sentado, toque um pouco de música suave à sua escolha e dance ao som dela. Deixe o corpo encontrar os próprios movimentos sozinho e continue observando enquanto se movimenta. Não se deixe levar pela música.

4. Algumas dicas úteis

• Durante um período completo de 21 dias, é melhor evitar outras meditações ou sessões catárticas (por exemplo, a Meditação Dinâmica ou a Kundalini, ou ainda sessões de respiração, liberação emocional e bioenergéticas).

• Quando fizer a Meditação da Rosa Mística em grupo, os participantes não devem conversar entre si durante a meditação.

• Muitas pessoas descobrem uma camada de raiva durante a semana do riso ou a semana de lágrimas. Não há necessidade de ficar preso. Experimente expressar a raiva balbuciando sons e fazendo movimentos com o corpo, depois volte ao riso ou às lágrimas.

Comemore o seu riso, comemore as suas lágrimas, comemore os seus momentos de vigília silenciosa!

Osho, em "Meditação: A Primeira e Última Liberdade"

domingo, 20 de julho de 2014

Um dia a mente recua completamente

Um dia a mente recua completamente

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Um dia a mente recua completamente

Posted: 19 Jul 2014 11:16 AM PDT


A mente tem muito medo de se abrir porque ela existe basicamente devido ao medo. Quanto mais destemida for a pessoa, menos ela usará a mente. Quanto mais medo ela tiver, mais usará a mente.

Você talvez tenha observado que, quando está com medo, ansioso, quando existe algo que o preocupa, a mente fica em primeiro plano. Quando você está ansioso, a mente fica muito presente. Do contrário, a mente não fica tão presente.

Quando tudo vai bem e não existe medo, a mente fica para trás. Quando as coisas dão errado, a mente simplesmente salta na frente e assume a liderança. Em tempos de perigo, ela vira líder. A mente é como os políticos.

Adolf Hitler escreveu em sua autobiografia, Mein Kampf, que você tem que deixar o país sempre com medo se quiser permanecer na liderança. Mantenha o país sempre com medo de que o vizinho vá atacar, de que existam países que estejam planejando um ataque, que estejam se preparando para atacar — continue criando rumores. Nunca deixe as pessoas sossegadas, porque quando estão sossegadas elas não se importam com os políticos. Quando as pessoas estão realmente tranquilas, os políticos perdem o sentido. Mantenha as pessoas com medo e o político será poderoso.

Sempre que há uma guerra, o político vira um grande homem. Churchill ou Hitler ou Stalin ou Mao — eles foram todos produtos da guerra. Se não houvesse uma Segunda Guerra Mundial, não haveria Winston Churchill e nenhum Hitler ou Stalin. A guerra cria situações, dá oportunidades para que as pessoas dominem e se tornem líderes. Com a política da mente acontece o mesmo.

A meditação não é nada mais do que criar uma situação em que a mente tenha cada vez menos o que fazer. Você fica tão sem medo, tão cheio de amor, tão em paz — fica tão satisfeito com o que quer que esteja acontecendo que a mente não tem nada a dizer. Então a mente logo vai ficando para trás, ficando para trás, tomando uma distância cada vez maior.

Um dia a mente recua completamente — e aí você se torna o universo. Você não fica mais confinado no seu corpo, não fica mais confinado em nada — você é espaço puro. É isso que é Deus. Deus é espaço puro.

O amor é o caminho rumo a esse espaço puro. O amor é o meio e Deus é o fim.

Osho, em "Coragem — O Prazer de Viver Perigosamente"
Imagem por Bob Prosser

Colaboradores